quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Água


Água é vida. Mas é também transparência, calmaria, fluidez, purificação e, principalmente, transformação. Não dizem que nunca nos banhamos no mesmo rio, por causa do movimento das águas?

Quando a Nathalie me convidou para participar do ensaio, ela me deu duas possibilidades: ar ou água. Sem nem pensar aceitei a água, porque faz parte do meu sobrenome. Fui, num domingo, à casa dela pra fazermos as fotos. Tivemos que mudar de idéia na última hora porque o tempo não colaborou: estava friozinho e não seria fácil entrar na piscina naquele dia. Ela já tinha pensado numa outra possibilidade: a água em seu estado sólido, o gelo. Achei muito interessante e ao mesmo tempo difícil. Como dar a intenção de gelo? Confesso que no início, estava meio envergonhada, como a maioria das fotografadas, segundo a própria fotógrafa, mas depois, em vez de continuar gelada, fui quebrando o gelo e a água foi fluindo.

Mas só fui entender de verdade o que seria aquilo quando vi as fotos prontas. Foi só a partir daí que senti a força da água em mim. E fiquei pensando muito nisto. No que a água significa para o ser humano, qual é o lugar dela e porque eu, e apenas outros poucos da minha família, seriam tão privilegiados em carregá-la no nome.

Senti meus pensamentos como uma enxurrada e numa epifania a água que há em mim me transformou de alguma maneira. Nunca tinha dado importância a esse nome, aliás, quando criança tinha vergonha dele, pois ele me dava de presente vários apelidos engraçadinhos: cachoeira, aguada, riacho e outros correspondentes. Mas, quando parei pra pensar um pouquinho no que esse nome poderia me trazer de positivo, a enxurrada desceu e me transformei, purificando-me.

Assim como a água, estou sempre em transformação: líquido, gasoso, sólido. Muitas vezes tento ser sólida, mas quando vejo já estou líquida. O estado gasoso descobri só depois do ensaio. É um estado de transcendência psíquica e espiritual. Senti a força que posso ter se desejar. E senti também a transformação dentro de mim depois dessa experiência única: meu rio estava estagnado, não tinha pra onde correr. Hoje, sinto suas águas fluírem e me trazerem, a todo instante, a sensação de renovação, libertação e paz.

Um comentário:

Anônimo disse...

É...Pensar q a Nathali aí em questão sou eu mesma. Me sinto muito orgulhosa de vê-la fluir como as águas do rio, levando pela correnteza todas as flores e peixes que encontra pela caminho.

Mulher, voltei de sp e voltei para o blog, e quando voltei para o e-mail encontrei este novo blog. O seu. :)

Ja adicionei ele na minha lista.

Muitos beijos!
Nath Gingold